5/31/2011

O que é... (descrição de um poeta I)


O que é o poeta senão mais um sofredor covarde que traduz em versos o sofrimento de amar e não ter a pessoa desejada.
E sofre as conseqüências de sua covardia sendo somente mais um ícone de sua fúnebre e maldita obsessão por amar.
Amaldiçoado por amar o que não lhe pertence, ou amar o que lhe pertence, mas por causa de sua covardia deixa escapar pelos vãos de seus dedos como grãos de areia semeados ao vento.
Assim o poeta se acomoda a sua condição de alma sôfrega produzindo declarações de românticas que outros usarão para conquistar aquela que o poeta covarde não teve coragem de conquistar.
Minha amiga eu te amo, como já amei antes, mas coma certeza de experiência já anunciada não a terei porque como sabes.
Eu sou poeta e poetas não amam, sofrem a dor de amar e não ter coragem de se entregar, e assim continuará a produzir as mais belas e obscuras declarações de amor...

MELODIAS.


Eurídice!
Ouve-se o grito do Orfeu apaixonado
Arrependido de não confiar nos deuses,
Tão perto e tão longe,
Ele sentia o corpo de sua amada, Podia tocá-la.
Mas, não acreditou em seu algoz.
E olhou, e o olhar foi o último e derradeiro.
Agora, a lembrança lhe fere a alma como mil demônios,
E a questão lhe é recorrente.
Porque não acreditei?
Fui traído pelo amor,
E por amor,
Mesmo que junto estarei só,
Sem você minha Eurídice.
Agora as mais belas canções de amor
Ei de lhe oferecer
A lembrança me atormentará para sempre
Eurídice meu amor é teu,
E por esse amor viverei,
Para pagar por meu erro,
Esperando ansiosamente pelo momento
Em que possa reencontrá-la.
Meu amor Me ame,
Que eu daqui também a amarei.
... e hoje Orfeu sofre e chora,
E seu choro se converte em melodias,
As quais os deuses entregam a Eurídice,
E tentam dar consolo a seu pranto sôfrego de ansioso aguardo,
E assim será por toda a eternidade.

Sobra tanta pena.


Ontem uma lembrança sorriu e
Se fez presente, não veio só
Veio acompanhada de muita gente
As memórias passaram a me assaltar
E fizeram eu me questionar.
A vida não me ensina
E também não me diz qual a minha sina.
Espera que eu apenas levante vista o manto e enxugue o pranto.
Não, não quero me atrever às vezes de um poeta
É que aprendi que o que um dia escrevi
Alguém vai ler e sem dúvida de imediato vai saber
O que no obscuro desejo intuído eu deixei transparecer

Palavras.


Engana-se quem pensa que palavras são simplesmente palavras.
As palavras têm um poder que só a elas cabe. Palavras podem iniciar interromper e finalizar, até essas palavras que agora derramo sobre o papel tem poder.
Somos os mais fortes quando escolhemos as palavras certas, e os mais débeis quando as palavras erradas nos escapam.
Palavras representam sonhos, anseios da alma, desilusões, tentativas vãs de uma continuidade que se perdeu e que não mais terá outra chance de continuar. Palavras ferem mais que espadas, pedras, chicotes e todas as outras formas de se ferir que se tem conhecimento.
Assim como palavras curam, palavras matam, e é uma morte silenciosa que é imposta palavra por palavra. Se ditas nas horas certas tem o poder curativo de um miraculoso ungüento, já as ditas em horas inoportunas são como lâminas que abrem feridas na alma que nunca hão de cicatrizar.
As palavras eternizam e dão cabo ao que por acaso começaram, são como chaves que abrem e fecham trancando o que nunca deveria ter sido liberado, por isso cuide das palavras, pois, estas têm o poder de ser o Alpha e o Ômega, o inicio e o fim, palavras atraem e afastam, assim concluo que Deus é palavra que abre e fecha que inicia e termina que faz nascer e de um só rompante mata.
Palavras para mim são a pior de minhas angústias, pois, estas me arrebatam com a força cabível somente a elas, e me fazem crer que a única forma de conter o poder de uma palavra é calá-la, não usá-la e deixar de escrevê-la mantê-la somente em pensamento me tornando assim, urna fúnebre de pensamentos, sonhos, vontades e inquietações da alma.   

Tato.

5/20/2011

Frio branco.


Novamente o ar gélido das noites frias e dias cinzentos toca meu rosto...
Novamente a distância abismal se estabeleceu entre mim e meus pensamentos...
O frio da manhã riscou meu rosto como lâmina nova.
Novamente a poética me toma de assalto...
Palavras que não são minhas somam-se a desejos meus.
Ontem eu sonhei e tudo foi tão simples.
Pena que sonhos tenham prazo de validade e cerca que os prenda...
Vá sonho meu voe, mas, não para muito longe...
E volte um dia para me visitar.
Pronto. Se foi... já longe... Não vai mais voltar... Volta? Não sei...

5/17/2011

Olhos Púrpura...


Vejo-me destinado ao amargor do esquecimento,
Olhos púrpura, o último adeus ficou ao vento.
Solidão... corrói minha alma aquilo que não me causa dor,
E o que me dói, enfraquece as carnes de meu já apodrecido ser.
Solidão não é apenas palavra, é estado de alma.
Mil a meu lado e eu sozinho.
No escuro vejo a mim, penso e sigo em frente,
Nem mesmo eu tenho piedade daquilo que um dia foi substrato de pessoa,
E agora não passa somente de sombra pálida de árdua esperança,
Forçada e forjada no desejo de um instante ambicioso.
Esqueço-me e desapareço no vazio que é agora meu ser a muito esquecido. 

 Tato